Pequenos detalhes da transação via PIX, como a falta de um ponto no valor de R$ 4 mil e o fato do nome ser um e a chave do destinatário ser outra deixaram em alerta a dentista Camila Dalforno, de 34 anos. Assim, pouco depois de atender em seu consultório e fazer um orçamento para servidora, flagrada após golpe em salão e clínicas, foram suficientes para entender que se tratava de uma estelionatária.
"Ela agendou uma consulta e veio até o meu consultório no dia 22 de agosto deste ano, às 14h. Eu deixei um horário maior, justamente para atender e realizar o procedimento dela. Fiz a consulta, ela concordava com tudo e deu a entender que faria o procedimento. Ao final, disse: "Vamos fazer agora". E daí eu expliquei que a atenderia somente no outro dia cedo. Fui embora e, na correria do dia, não conferi o caixa, só que mandei mensagem para minha secretária logo cedo, no outro dia", relembrou Camila.
Conforme a dentista, a suspeita realizaria o procedimento dia 23, às 10h. "Ela falou que queria melhorar o contorno mandibular, o contorno do rosto. E, recentemente, ainda falou que tinha feito Sculptra com uma colega de profissão minha. Foi quando desconfiei e entrei em contato com esta amiga minha e descobrimos a fraude. Eu também falei com o meu gerente e ele mostrou estes detalhes do pix que, no dia a dia, muitas vezes as pessoas nem conferem", explicou.
Orientada a registrar queixa, Camila ressaltou que foi a única das oito colegas que não teve prejuízo financeiro com a suspeita.
"Ela perguntou para minha secretária que horas fechava o consultório e mandou o PIX, umas 18h30 do dia 22. A secretária me encaminhou o pix e fui conferindo na minha conta, quando vi que não tinha caído. Avisei que não caiu e pensei em um estorno, inicialmente. A secretária então falou com ela [suspeita], a qual alegou que conversaria com a gerente dela", afirmou.
Logo depois, a suspeita comentou que a gerente deu um prazo de 72 horas para resolver e disse que desmarcaria a consulta. "Depois eu volto para agendar, ela disse. E aí eu que fui falar com o meu gerente e ele me explicou detalhes, dizendo que não era a minha chave. E que não tinha o ponto depois do quatro, no valor de R$ 4 mil. São detalhes. E aí lembrei que ela falou, durante a consulta, que tinha feito um PIX para uma amiga minha também", comentou.
Ao falar com esta profissional de estética, Camila confirmou se tratar de uma golpista. "Ela me disse: conheço a fulana sim, inclusive, está me devendo e a suspeita é que fiz um PIX falso. E ela foi falar com a dona do salão e descobrimos tudo e o flagrante aconteceu ontem. É um PIX malfeito e, no salão, ela está fazendo isso desde o mês de janeiro", falou.
Nos últimos dias, as vítimas conversam em um grupo de WhatsApp e descobriram detalhes dos golpes.
"Disseram que o salário dela no Imasul é todo comprometido com empréstimos, que ela recebeu só R$ 1 mil dos R$ 5 mil porque tem um monte de desconto. Falaram também que ela recebeu R$ 16 mil de pensão dos pais militares, já falecidos e que também deu golpe em uma pessoa, já que pegava feijoada de lá aos fins de semana, há meses, e nunca pagou. No caso do salão, ela ainda fazia as transações bancárias pelo Banco do Brasil e pelo Santander. Só que a segunda conta é falsa", finalizou.
Confira aqui o momento do flagrante em salão de Campo Grande:
Fonte: MÃdiamax