Os vereadores querem investigar o contrato de prestação de serviço pelo Consórcio Guaicurus - Foto: Arquivo
A criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o contrato de concessão do transporte coletivo urbano de Campo Grande assinado entre a prefeitura e o Consórcio Guaicurus, como pretendia o vereador novato Jean Ferreira (PT), logo no início da 12ª Legislatura da Câmara Municipal da Capital, está praticamente descartada.
Conforme apurou o Correio do Estado, é praticamente inviável que seja aberta a CPI do Consórcio Guaicurus já nos primeiros dois meses dos trabalhos do Poder Legislativo, cuja primeira sessão ordinária da Casa de Leis neste ano está marcada para o dia 18.
Em entrevista exclusiva concedida à reportagem, o presidente da Câmara, vereador Epaminondas Vicente Silva Neto (PSDB), o Papy, disse que, apesar de ser favorável em intensificar a fiscalização sobre o serviço de transporte coletivo urbano prestado pelo Consórcio Guaicurus, não teria como iniciar os trabalhos já com a criação de uma CPI.
"Temos alguns caminhos até a abertura de uma CPI. Apesar de eu estar convencido de que nossa postura institucional sobre o assunto transporte coletivo urbano deve ser diferente, no sentido de intensificar a fiscalização, temos de tomar alguns passos até uma investigação por parte do parlamento municipal", ponderou.
Papy afirmou ao Correio do Estado que, por um "vazamento" por parte de um grupo de vereadores, isso tenha precipitado certas estratégias da Casa de Leis.
A reportagem apurou que, entre as lideranças partidárias dentro da Câmara, é consenso de que a intempestividade de Jean Ferreira – o qual tornou pública a intenção de criação de uma CPI – acabou por "sabotar" o próprio Legislativo.
Essas lideranças acreditam que o "vazamento" das conversas para tentar abrir a caixa-preta do Consórcio Guaicurus prejudicou as ideias de uma boa fiscalização sobre o serviço de transporte coletivo urbano prestado para a população campo-grandense.
PERÍCIA
O Correio do Estado também procurou o ex-presidente da Câmara Municipal e atual primeiro-secretário da Casa de Leis, vereador Carlos Augusto Borges (PSB), o Carlão, para saber a opinião dele sobre a abertura de uma CPI logo no começo dos trabalhos legislativos. À reportagem, Carlão também considerou essa possibilidade quase que impossível.
"E eu não estou por dentro dessa articulação de criação de uma CPI do Consórcio Guaicurus, mas já adianto que a Casa tem por obrigação esperar o resultado da perícia encomendada no ano passado pelo Poder Judiciário sobre essa questão", salientou, aconselhando aos mais afoitos a aguardarem o resultado.
Ele reforçou que, se a Justiça pediu uma perícia, não é aconselhável começar uma investigação sem o resultado desse levantamento.
"Enquanto não sair essa perícia, qualquer investigação aí vai ser precipitada. Por isso, sou da posição de que é preciso aguardar até março ou abril para depois [começar a] pensar sobre uma CPI", argumentou.
O primeiro-secretário da Casa disse à reportagem que não é contra a abertura de uma CPI, porém, é mais aconselhável fazer isso a partir da posse dos resultados da perícia.
"Essa perícia trará informações importantes e alguns balancetes do Consórcio Guaicurus. Aí, com isso em mãos, a Comissão [Permanente] de Transporte e Trânsito da Câmara assume", ponderou.
Papy concordou que os demais colegas de parlamento devam ouvir a voz da experiência de Carlão.
"Porém, não é possível precisar uma data para a abertura de uma CPI. Nós temos um plano, e de novo, o vazamento foi uma espécie de sabotagem dessa estratégia. Nunca ninguém resolveu nada sobre o transporte coletivo urbano de Campo Grande e, agora temos que ter uma postura diferente se quisermos sucesso nesse assunto", concluiu.
SAIBA
O vereador Jean Ferreira (PT) está colhendo assinaturas para investigar o Consórcio Guaicurus porque, conforme ele, "é hora de enfrentar esse modelo falido".
Para o petista, o formato do transporte coletivo urbano da Capital, que foi introduzido em 2012, não se sustenta, uma vez que o reajuste veio sem a melhora do serviço.
Desde 2021, os vereadores ensaiam a criação de uma CPI para investigar o Consórcio Guaicurus. Em 2023, o ex-vereador André Luiz (PRD) chegou a conseguir mais de 10 assinaturas, mas o pedido não foi adiante.
Fonte: Correio do Estado